domingo, 4 de dezembro de 2016

HOMENAGEM AO GRANDE POETA MARANHENSE FERREIRA GULLAR


HOMENAGEM AO GRANDE POETA MARANHENSE FERREIRA GULLAR


    


Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de setembro de 1930  Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2016), foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo. Foi o postulante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, na vaga deixada por Ivan Junqueira, da qual tomou posse em 5 de dezembro de 2014.
Ferreira Gullar nasceu em São Luís, em 10 de setembro de 1930, com o nome de José Ribamar Ferreira. É um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart.
Sobre o pseudônimo, o poeta declarou o seguinte: "Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome".
Segundo Mauricio Vaitsman, ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, José Bento, José Sarney e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores. Muitos o consideram o maior poeta vivo do Brasil e não seria exagero dizer que, durante suas seis décadas de produção artística, Ferreira Gullar passou por todos os acontecimentos mais importantes da poesia brasileira e participou deles.
Morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta, sendo então um poeta extremamente inovador, escrevendo seus poemas, por exemplo, em placas de madeira, gravando-os.
Em 1956 participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta, tendo se afastado desta em 1959, criando, junto com Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valoriza a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo. Posteriormente, ainda no início dos anos de 1960, se afastará deste grupo também, por concluir que o movimento levaria ao abandono do vínculo entre a palavra e a poesia, passando a produzir uma poesia engajada e envolvendo-se com os Centros Populares de Cultura (CPCs).
Em 2014, ele foi considerado um imortal na Academia Brasileira de Letras.
Ferreira Gullar morreu em 4 de dezembro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro em decorrência de vários problemas respiratórios que culminaram em uma pneumonia
Prêmios e indicações
Ganhou o concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com seu poema "O Galo" em 1950. Os prêmios Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, que é considerada uma obra prima do teatro moderno brasileiro.
Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal Folha de S. Paulo no ano de 2005. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.
Foi agraciado com o Prêmio Camões em 2010. Em 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris causa, na Faculdade de Letras da UFRJ.
Em Imperatriz, ganhou em sua homenagem o teatro Ferreira Gullar.
Em 1999 é inaugurada em São Luís a Avenida Ferreira Gullar.
Em 20 de outubro de 2011, ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia.  Em Alguma Parte Alguma, que foi considerado "O Livro do Ano" de ficção.
Em 2011, a obra Poema Sujo inspirou a vídeo instalação Há muitas noites na noite, dirigida por Silvio Tendler. Em 2015, o poema inspirou uma série documental, também denominada: "Há muitas noites na noite", com sete episódios com 26 minutos cada, exibida na TV Brasil entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, também dirigida por Silvio Tendler.

Poesia
·         Um Pouco Acima do Chão, 1949
·         A Luta Corporal, 1954
·         Poemas, 1958
·         João Boa-Morte, Cabra Marcado para Morrer(cordel), 1962
·         Quem Matou Aparecida? (cordel), 1962
·         A Luta Corporal e Novos Poemas, 1966
·         História de um Valente, (cordel; na clandestinidade, como João Salgueiro), 1966
·         Por Você por Mim, 1968
·         Dentro da Noite Veloz, 1975
·         Poema Sujo, (onde se localiza a letra de Trenzinho do Caipira) 1976
·         Na Vertigem do Dia, 1980
·         Crime na Flora ou Ordem e Progresso, 1986
·         Barulhos, 1987
·         O Formigueiro, 1991
·         Muitas Vozes, 1999
·         Um Gato chamado Gatinho, 2005
·         Em Alguma Parte Alguma, 2010
Antologias
·         Antologia Poética, 1977
·         Toda poesia, 1980
·         Ferreira Gullar - seleção de Beth Brait, 1981
·         Os melhores poemas de Ferreira Gullar - seleção de Alfredo Bosi, 1983
·         Poemas escolhidos, 1989
Contos e crônicas
·         Gamação, 1996
·         Cidades inventadas, 1997
·         Resmungos, 2007
Teatro
·         Um rubi no umbigo, 1979
Crônicas
·         A estranha vida banal, 1989
·         O menino e o arco-íris, 2001
Memórias
·         Rabo de foguete - Os anos de exílio, 1998
Biografia
·         Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde, 1996
Literatura infantil
·         Zoologia bizarra, 2011
Ensaios
·         Teoria do não-objeto, 1959
·         Cultura posta em questão, 1965
·         Vanguarda e subdesenvolvimento, 1969
·         Augusto do Anjos ou Vida e morte nordestina, 1977
·         Tentativa de compreensão: arte concreta, arte neoconcreta - Uma contribuição brasileira, 1977
·         Uma luz no chão, 1978
·         Sobre arte, 1983
·         Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta, 1985
·         Indagações de hoje, 1989
·         Argumentação contra a morte da arte, 1993
·         O Grupo Frente e a reação neoconcreta, 1998
·         Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento, 2002
·         Rembrandt, 2002
·         Relâmpagos, 2003
Televisão
·         Araponga - 1990/1991 (Rede Globo) - colaborador
·         Dona Flor e Seus Dois Maridos - 1998 (Rede Globo) - colaborador
·         Irmãos Coragem - 1995 (Rede Globo) - colaborador
Filmes
·         Os Herdeiros - Davi Martins
 Academia Brasileira de Letras
Ferreira Gullar foi postulante eleito da cadeira 37 na Academia Brasileira de Letras, tendo obtido na votação 36 dos 37 votos possíveis derrotando os outros candidatos: Ademir Barbosa Júnior, José Roberto Guedes de Oliveira e José William Vavruk em apenas 15 minutos, com uma abstenção que permanece anônima devido a queima das fichas após o resultado da urna em 9 de outubro de 2014, tendo votado 19 acadêmicos por presença física e 18 por cartas.
A cadeira tem como patrono o poeta e inconfidente mineiro Tomás Antônio Gonzaga e foi ocupada anteriormente por personalidades como Silva RamosAlcântara MachadoGetúlio VargasAssis ChateubriandJoão Cabral de Melo Neto e recentemente pelo ensaísta e curador Ivan Junqueira, amigo de Gullar.
Sua posse era marcada para novembro, depois de várias recusas do escritor em convites anteriores.
Em 5 de dezembro de 2014, Gullar tomou posse de sua cadeira, a número 37, na Academia Brasileira de LetrasFaleceu em 04 de dezembro de 2016 no Rio de Janeiro.
Veja os 15 Melhores Poemas de Ferreira Gullar
1.   Poema: Não há vagas – Ferreira Gullar
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
2.          Poema: Traduzir-se – Ferreira Gullar
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?
3.          Poema: No corpo – Ferreira Gullar
No corpo
De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares
O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.
A poesia é o presente.
4.          Poema: Poemas Neoconcretos I – Ferreira Gullar
Poemas Neoconcretos I
mar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
5.          Poema: Aprendizado – Ferreira Gullar
Aprendizado
Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
6.          Poema: Um Instante – Ferreira Gullar
Aqui me tenho/ Como não me conheço/ nem me quis/ sem começo/ nem fim/ aqui me tenho/ sem mim/ nada lembro/ nem sei/ à luz presente/ sou apenas um bicho/ transparente. Um instante, poema de Ferreira Gullar.
7.          Poema: Subversiva – Ferreira Gullar
Subversiva
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
8.          Poema: Os mortos – Ferreira Gullar
Os mortos
os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos
eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias
Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça
9.          Poema: Cantiga para não morrer – Ferreira Gullar
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
10.       Poema: Prometi-me Possuí-la – Ferreira Gullar
Prometi-me Possuí-la
Prometi-me possuí-la muito embora
ela me redimisse ou me cegasse.
Busquei-a na catástrofe da aurora,
e na fonte e no muro onde sua face,
entre a alucinação e a paz sonora
da água e do musgo, solitária nasce.
Mas sempre que me acerco vai-se embora
como se temesse ou me odiasse.
Assim persigo-a, lúcido e demente.
Se por detrás da tarde transparente
seus pés vislumbro, logo nos desvãos
das nuvens fogem, luminosos e ágeis!
Vocabulário e corpo — deuses frágeis —
eu colho a ausência que me queima as mãos.
[Poemas Portugueses]
11.       Poema: Extravio – Ferreira Gullar
Extravio
Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?
Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.
Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.
Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.
Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em seu olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.
Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.
12.       Poema: Madrugada – Ferreira Gullar
Madrugada
Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite
a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes.
13.       Poema: Neste Leito de Ausência – Ferreira Gullar
Neste Leito de Ausência
Neste leito de ausência em que me esqueço
desperta o longo rio solitário:
se ele cresce de mim, se dele cresço,
mal sabe o coração desnecessário.
O rio corre e vai sem ter começo
nem foz, e o curso, que é constante, é vário.
Vai nas águas levando, involuntário,
luas onde me acordo e me adormeço.
Sobre o leito de sal, sou luz e gesso:
duplo espelho — o precário no precário.
Flore um lado de mim? No outro, ao contrário,
de silêncio em silêncio me apodreço.
Entre o que é rosa e lodo necessário,
passa um rio sem foz e sem começo.
[Poemas Portugueses]
14.       Poema: Meu povo, meu poema – Ferreira Gullar
Meu povo, meu poema
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
como no canavial
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
15.       Poema: MINHA MEDIDA – Ferreira Gullar
MINHA MEDIDA
Meu espaço é o dia
de braços abertos
tocando a fímbria de uma e outra noite
o dia
que gira
colado ao planeta
e que sustenta numa das mãos a aurora
e na outra
um crepúsculo de Buenos Aires
Meu espaço, cara,
é o dia terrestre
quer o conduzam os pássaros do mar
ou os comboios da Estrada de Ferro Central do Brasil
o dia
medido mais pelo pulso
do que
pelo meu relógio de pulso

Meu espaço — desmedido —
é o nosso pessoal aí, é nossa
gente,
de braços abertos tocando a fímbria
de uma e outra fome,
o povo, cara,
que numa das mãos sustenta a festa
e na outra
uma bomba de tempo.


REFERENCIAS

1.    (2016-12-04) "Morre o poeta Ferreira Gullar, aos 86 anos". O Globo.
2.   ↑ Ir para:a b c d «Ferreira Gullar». UOL - Educação. Consultado em 10 de setembro de 2012.
3.   Ir para cima↑ «Ferreira Gullar se candidata a vaga na Academia Brasileira de Letras»Globo.com. 14/07/2014. Consultado em 26 de agosto de 2014.
4.   Ir para cima↑ «Vagas na ABL serão ocupadas por Zuenir, Evaldo Mello e Ferreira Gullar»Diário de Pernambuco. 01/08/2014. Consultado em 26 de agosto de 2014.
5.   ↑ Ir para:a b c Daniel Silveira (5 de dezembro de 2014). g1.globo, : . «Poeta Ferreira Gullar toma posse na Academia Brasileira de Letras». Consultado em 11 de dezembro de 2014.
6.   Ir para cima↑ «Ferreira Gullar dá palestra em Pinda». Tribunadonorte.net. 16 de novembro de 2010.
9.   Ir para cima↑ (2016-12-04) "Morre o poeta Ferreira Gullar, aos 86 anos" (em pt-BR). O Globo.
11. ↑ Ir para:a b «Ferreira Gullar, grande poeta e crítico, ex-militante do Partido Comunista» [S.l.: s.n.] Revista Veja. 22 de dezembro de 2012. Consultado em 17 de marco de 2014.
12. Ir para cima↑ Ferreira Gullar, em entrevista à revista piauiense Revestres, Jan/Fev 2014
13. Ir para cima↑ Gullar, Ferreira. (6 de maio de 2012). Dialética da mudança. Folha de S.Paulo, p. E10.
14. Ir para cima↑ «Época - NOTÍCIAS - Os 100 brasileiros mais influentes de 2009». Revistaepoca.globo.com. Consultado em 20 de dezembro de 2009.
15. Ir para cima↑ G1. «Poeta Ferreira Gullar ganha Prêmio Camões de 2010»G1. Consultado em 31 de maio de 2010.
22. Ir para cima↑ «Ferreira Gullar é eleito para a Academia Brasileira de Letras»Lívia Torres. G1 Rio de Janeiro. 09/10/2014. Consultado em 14/10/2014.
23. Ir para cima↑ «Poeta Ferreira Gullar é eleito para a ABL». Exame. 09/10/2014. Consultado em 14/10/2014.
24. Ir para cima↑ «Ferreira Gullar não vai para a ABL»Associação Brasileira de Imprensa. 01/03/2011. Consultado em 14/10/2014.